segunda-feira, 21 de junho de 2010

Anna

21 horas. Ela abriu a contracapa do livro e encontrou:
"R$ 15,00
Pertence a Rosa"
Rosa era sua prima e nao tinha mais que dois anos a mais que ela.
Primeiro começou a folear, ir de trás pra frente. Mania. Ler os dois ultimos paragrafos antes de realmente começar. Finalmente, em quatro noites seguidas com uma lanterninha na parte de baixo de um beliche velho que soltava pequenos pedaços de madeira, aquelas palavras foram devoradas. Nunca mais Anna foi a mesma, mesmo que ninguem além dela conseguisse notar essa diferença que quase gritava pelos olhos. E sinto muito, mas o conteúdo que revirou a cabeça dessa menina de apenas 12 anos não interessa a mais ninguém.
Feliz ano velho para todos nós. Agora ela já tinha 13.
Dentro da cabeça de Anna despertou uma vontade de experimentar coisas novas. Era assim que tudo acontecia em sua vida, uma hora ela decidia em que tipo de situação, que novas descobertas precisava fazer. Então decidiu dar seu primeiro beijo. Articuladamente planejado e apostado. É, apostado.Apesar de nenhum maior significado, da aposta se gabou.
15,16,17.
17, cansou dos meninos. Bem que quis acreditar nisso. Experimentou gostar de um deles. Não deu muito certo, era um daqueles apaixonantes. Inteligente, interessante, engraçado. Um grande filho da puta. Não vale a pena passar muito tempo falando dele, é melhor dizer que sua namoradinha decidiu gostar de Anna. Foram seis meses de novidades incríveis, Ela já estava bebendo demais e fumando demais a essa altura. Encontrou no caminho dois grandes companheiros. Além das musicas e livros, que tanto se arrependeu de ter esquecido por uns tantos momentos. Aprendeu a comer. Enlouqueceu.Emagreceu. Foi o que de mais intenso aconteceu na curta vida que teve até alí, foi gasta até rasgar dos dois lados. Acabou.
18. Confusa, perdida, sozinha e doente. Anna conheceu algumas pessoas legais, outras nem tanto assim. Alguns legais tornaram-se sacanas junto com os que já não prestavam, e outras reapareceram numa fase mais bacana. Esse ano também não passaria em branco. Ela teria decidido novamente provar um gosto novo. Chegou ás 21 horas. Denovo. Numa festa que não tinha sido convidada, mas conhecia algumas pessoas. Teria bebidas e cigarros. Um velho conhecido, que não dá pra saber se pode chamar de amigo, não, definitivamente não é mais amigo se um dia foi. Não demorou muito ela concretizou mais uma das suas. Não era mais virgem. Rápido, indolor,incolor. Foi ótimo. Satisfatório. Uma bela bosta.
Não parou por aí, algumas vezes foi melhor e outras não. Entre os 19 e os 20 ela decidiu parar e parou. Pessoalmente, acho que foi a decisão mais estúpida a ser feita. Que seja, 21. Está quase lá e mal posso esperar pra saber como será daqui pra lá e de lá pra frente. Adeus.

Um comentário:

  1. "foi gasta até rasgar dos dois lados." Que expressao fascinante. Parece que Anna tem mesmo uma vida e tanto, ein?

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